sábado, 24 de janeiro de 2009

Esquecimento

Eu aprendi a não existir.
Em meu obscuro recanto,
Porão de ilusões superadas,
Convivo com espíritos expulsos
Por pessoas que me amaram no passado.

Meu leito é gélido como a morte.
Nele repousam almas mortas pelo tempo:
Crianças indefesas e menestréis românticos
Que tombaram de sede no deserto dos sonhos
E cujos gritos não ecoam no vazio.

Relampejos me fazem renascer.
Como um hospede imprudente,
Indigente em salão de nobres festejos,
Permaneço estático no portal do nada.

Eu não tenho mais nome ou face;
Uma mascara de ferro oculta meus olhos.

Eu moro no esquecimento.
Alimento-me de tristezas e noites sem lua.
E se assim permaneço, estátua de pedra e dor,
Foi porque eu mesmo abri as portas de minha casa;
Moradia essa que eu mesmo construí.

(Roniel Oliveira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário